Na minha modesta opinião, Tomar não necessita de nenhum funicular. A desculpa esfarrapada de que um meio de transporte caro na sua concepção e construção, vem salvar a nossa Cidade que caiu num marasmo e está galopando para uma falência política (no sentido social e económico do termo), é na sua génese errada, até por morrer à nascença, com tanta polémica emergente. Utilizando a palavra marasmo (desejaria utilizar antes a palavra inactividade), gostaria de dar (relembrar) vários exemplos (tantas vezes escritos nas páginas dos nossos Jornais) que estão, na origem desta indolente posição Tomarense: Quem entra em Tomar pela estrada que vem de Leiria, encontra um largo em terra batida, esburacada, lamacenta e feia, muito feia, que tem carros estacionados e (imagine-se a afronta) um histórico Pelourinho.
Ao lado, um arruamento que dá acesso ao Castelo de Tomar. Erva nas bermas, arames de roupa inúteis, paredes esmurradas, muros pintados de musgo, habitações devolutas cuja descrição nem me vou dar ao trabalho de escrever, até porque a fotografia fala por si, continuando: Calçada esburacada, esburacada e sem calçada, pedras soltas, muros partidos, etc. etc. etc. Gostaria de descrever o (que deveria ser belo) percurso que vai do Largo do Pelourinho até ao Castelo de Tomar com muito romantismo e dignidade, mas é impossível. Um belo Postal Ilustrado a apimentar a fotografia para Alemão ver. Assim, lamento informar que Tomar, a Cidade de Tomar, está com uma imagem e muito semelhante a este “percurso turístico”.
Mais: As entradas da Cidade são um regalo de se ver, senão vejamos: Av. Nuno Alvares Pereira (entrada, lado direito) um belo Postal Ilustrado com barracas, lixo e sucata a apimentar a fotografia para Inglês ver. Entrada pelo Alvito com as belíssimas bermas ervadas, inclui igualmente sucata, curiosamente. Oficinas de automóveis que enchem de chapa velha áreas imensas, conspurcando o olhar de quem passa (será que ninguém vê o que eu vejo), um belo Postal Ilustrado a apimentar a fotografia para Francês ver. Mais: os edifícios devolutos na Zona velha da Cidade, nomeadamente o antigo Colégio Feminino, o Convento de Santa Iria (já estou farto de escrever e ouvir falar destas coisas). Mais: A área da Ponte do Flecheiro e Igreja de Santa Maria dos Olivais com demasiado cimento, poucas árvores, pouco jardim. Enfim, já estou cansado de mencionar exemplos que levaram ao marasmo, à inactividade e a esta indolente posição Tomarense (escrevo com frontalidade: Há-de vir o dia em que um dos nossos ex-líbris, a Roda do Mouchão, vai cair por falta de manutenção, porquê?... Porque não é importante…). Temo que da Cidade Jardim nos resta pouco. Somos sim uma “Cidade de Betão”. Habitações mal construídas, feias, caras que transformaram a cidade de Verde em Cinzenta (e ainda querem mais cinzento?...). TOMAR ESTÁ CINZENTO as suas gentes estão cinzentas, tristes e não temos quem nos anime... Remato com a ideia de que, realmente, Funicular em Tomar, não obrigado. Mas… Quanto ao resto, avancem, pois é e será uma boa causa.
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In Jornal Cidade de Tomar - Edição 3904 - 2010-03-02
Por: Joaquim Francisco - Tomar - 2010-03-16 - Apoio: Celeste Nunes
Fotos: Joaquim Francisco